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  • quarta-feira, 13 de março de 2013

    O que é o índice de Basiléia?


    O blog Rico por Acaso vem há algum tempo abordando alguns conceitos bastante utilizados na hora de se analisar os fundamentos de uma empresa. Hoje vamos conhecer o índice de Basiléia, muito importante para a análise dos bancos.


    Há pouco tempo conhecemos outro conceito de grande importância na análise dos bancos, o spread bancário. Neste post vamos entender o que é o índice de Basiléia - que na verdade é o resultado de um acordo internacional - e seu uso prático.

    Definição e Histórico

    O Acordo de Capital da Basiléia, também conhecido como Basiléia I foi firmado em 1988 na Suíça e ratificado por mais de 100 países. Este acordo teve como principal objetivo criar exigências minimas de capital (que devem ser respeitadas pelos bancos dos países participantes) como precaução ao risco de crédito.

    Até a assinatura deste primeiro acordo, o controle de capital dos bancos era atrelado à alavancagem dos mesmos. Desse modo, os bancos poderiam emprestar no máximo o equivalente à 12 vezes o seu capital e reservas. O grande problema desta metodologia foi que os índices foram previamente determinados e os técnicos se esqueceram (sim, erro crasso) de reajustar o capital e as reservas em relação à inflação da época. Assim, com o aumento da inflação, a capacidade de empréstimo dos bancos foi diminuindo ano a ano, pois havia necessidade de aumentar as reservas de capital dos bancos e por consequência o capital disponível para empréstimos ficava cada vez menor. A crise da dívida externa do Brasil em 1982 foi uma das consequências desta metodologia (que vinha sendo utilizada desde 1935), pois com a inflação aumentando consideravelmente os bancos tiveram que repatriar grande quantidade de dinheiro de modo a cumprir a legislação vigente.

    Observando este problema na metodologia (que acabou penalizando outros países e não só o Brasil) realizou-se o acordo de Basiléia I e a partir deste momento às exigências minimas de capital passaram a ser relacionadas com o risco de crédito de cada instituição. Mesmo assim, este primeiro acordo não conseguiu evitar diversas falências de instituições bancárias na década de 90.

    O acordo de Basiléia II, foi realizado em 2004 e tinha por base 3 pilares e 25 princípios básicos sobre contabilidade e supervisão bancária. Estes três pilares principais eram: capital (guardar), supervisão (fiscalizar) e transparência (divulgação dos dados) - o que convenhamos - deve ser a base de um sistema bancário sadio.

    O denominado acordo de Basiléia III surge após a crise do subprime americano (que deflagrou uma das maiores crises econômicas mundiais dos últimos tempos) e foi publicado em 2010. Foi promovido pelo G20 e pelo Fórum de Estabilidade Financeira e trata-se de uma revisão do Basiléia II. A crise de 2008 mostrou ao mundo e aos investidores que mesmo com todas as regras já existentes, o sistema bancário mundial apresentava-se bastante frágil. Verificou-se um grande aumento no valor dos empréstimos realizados pelos bancos, enquanto que os recursos destinados à amortizar os riscos diminuíam consideravelmente, sendo que muitas instituições não tinham reservas suficientes para fazer frente à um problema de liquidez. Resumindo: se alguns bancos levassem um grande calote de seus clientes, eles simplesmente não teriam dinheiro para cobrir o rombo.


    Na prática

    Como já observamos acima, o índice de Basiléia tem como grande objetivo forçar os bancos a manter um índice mínimo de reservas, de forma a enfrentar possíveis crises de crédito. Por exemplo: vamos supor que você é um empresário, tem um comércio e nele realiza vendas à prazo. Se alguns de seus clientes (por uma crise no setor, por exemplo) deixarem de pagar o que lhe é devido, e você não tem uma reserva de segurança, com toda certeza terá problemas de liquidez e não conseguirá movimentar seu negócio.

    O mesmo ocorre com o já famosa reserva de segurança dos investidores. Recomenda-se que não se invista antes de guardar uma reserva de segurança proporcional à pelo menos 6 meses do seus ganhos. Por que isso? Pois se você perder sua fonte de renda (emprego/falir etc), terá estes valores para pagar suas contas e evitar um problema de liquidez.

    Deste modo, quando maior (e quanto mais crescer) o índice de Basiléia de um banco, maior será a segurança que ele terá para enfrentar às crises. Vamos à um exemplo prático: em setembro de 2012, o Banco do Brasil anunciou que seu índice de Basiléia estava em 14,8%. O que isso significa na prática? Mostra que para cada R$ 100,00 que o banco empresta, ele tem R$ 14,80 em patrimônio  Já os bancos privados, como Bradesco e Itau (segundo dados de 2012) trabalham com este índice na faixa de 15% a 16%, o que é considerado relativamente seguro pelo mercado. Não podemos nos esquecer que o valor mínimo estabelecido pelo Banco Central é de 11%, sendo que de acordo com os objetivos do acordo de Basileia  III, até o ano de 2019 este índice minimo deverá chegar à 13%.


    Créditos da imagem: freedigitalphotos.net
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    14 comentários:

    1. Indice de basileia menor que 100% significa que o banco vai quebrar um dia. Simples assim. E quem vai perder dinheiro mesmo é o correntista, não os donos.

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      1. Só se todos tirarem o dinheiro do banco ao mesmo tempo, o que é praticamente improvável de acontecer.

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      2. Bom, não é bem assim amigo. Índice de Basiléia abaixo de 100% não significa que o banco vai falir.

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      3. Esse foi um dos melhores textos que eu li até agora neste blog. Parabéns.

        O índice Basileia abaixo de 100% não quer dizer que o banco vai falir. Quer dizer que seu risco operacional é mais alto.

        A falência é dada no momento em que o calote é efetivado. Ou seja, seu índice pode ser até 10%... se ninguém te der calote você não vai a falência.

        E tem outra coisa: eu duvido que o BC não interfira se acontecer de um caso onde a Instituição apresente um índice inferior aos 11%. Portanto, isso diminuiriam ainda mais o risco de falência, pois, com certeza, o BC ia colocar a faca no pescoço do banco e ele teria que se ajeitar...

        Carlos

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      4. Olá Carlos! Obrigado por seu comentário! O índice de Basiléia é monitorado e quando ele se encontra muito abaixo de 11%, tenho certeza que um sinal de alerta é acendido no Banco Central. Um abraço!

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    2. Fala RPA!

      Muito bom o texto... complementando, o cálculo do índice da basiléia é baseado no perfil de crédito de cada banco. São avaliados os empréstimos, os tomadores, a qualidade das garantias, os passivos etc. É estabelecido um rating para cada operação de crédito. Na prática o objetivo é estabelecer um valor que os bancos devem provisionar para cobrir os possíveis calotes identificados. Provisionar significa debitar do resultado operacional este valor, "antecipando" os possíveis calotes. Caso os calotes não ocorram, a provisão é revertida, impactando positivamente o resultado do banco. Caso os calores aconteçam de fato, o resultado não é mais impactado, pois estas perdas já estava contabilizadas através das provisões. Somente se ocorrerem calotes bem acima do esperado que o banco poderá ter problemas em provisionar. 11% é o mínimo exigido de provisão em relação aos empréstimos do banco. Dependendo do perfil da instituição financeira, o índice da basiléia acaba indicando e exigindo uma provisão bem superior aos 11%. Na prática, isto limita a capacidade do banco de emprestar mais.

      Abraços.

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      1. Olá Investidor de Risco! Obrigado pelo comentário e principalmente pelo complemento! Um grande abraço!

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      2. Na verdade, o Índice de Basileia e Provisão para risco de crédito são regulações distintas.
        O Índice de Basiléia trata, bem basicamente, de alavancagem; o banco tem que ter capital próprio para sustetar seus riscos. No Brasil, a grosso modo, dizem que para cada R$ 100 deve-se reservar R$ 11 de capital próprio (patrimônio líquido, instrumentos de capital, etc.). Neste caso, não impacta diretamente no resultado e o banco precisa demonstrar que tem esse capital (utilizam o termo de alocação de capital).
        Já a provisão para risco de crédito, realmente, esta impacta diretamente no resultado. Bem basicamente também, com base na avaliação do cliente/operação de crédito pelo banco e com base em parâmetros definidos pelo regulador (Resolução 2.682), o banco tem que provisionar uma parte do saldo devedor conforme o risco apurado (vai de 0% a até 100% - ou seja, em operações extremamente ruins, além de o banco "perder" o dinheiro emprestado, por um tempo, também terá que provisionar o mesmo valor por conta do calote; após um período, o banco assume que tomou prejuízo nessa operação, faz o registro contábil do prejuízo e desfaz a provisão; assim, é gerado crédito tributário e aí é outra longa história). Neste caso, diferente do explicado no Índice de Basileia, em que o banco tem que apenas demonstrar que tem capital suficiente, a provisão é "na veia", ou seja, esse valor é retirado do caixa/lucro do banco.

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    3. RPA,

      O índice Basiléia é apresentado pelos bancos quando da divulgação de seus resultados pelo mercado?

      Isso é um bom indicador para saber o quão seguro é o banco em que estamos investindo e acho que seria uma boa os banco colocarem em seus resultados.

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      1. Olá Anônimo! Sim, o índice é apresentado nos resultados dos bancos. Porém, como todo índice não deve ser analisado isoladamente. Um índice de Basiléia elevado é muito bom, porém não podemos nos esquecer de todos os outros dados fundamentalistas do banco. Um grande abraço!

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    4. Perfeita explicação do autor, estava fazendo uma busca sobre o assunto e foi a melhor explicação que encontrei

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      1. Olá TMF! Obrigado pelo elogio e por acompanhar o blog! Um grande abraço!

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    5. Estava estudando Liquidez Corrente, Capital de Giro e Alavancagem Financeira de Bancos. Acabei caindo no assunto de emissão de ações do
      BBAS3, Venda de ativos, captação externa aproveitando "janelas de oportunidades" na Europa, etc. e finalmente no índice Basiléia. Conclusão: a médio prazo
      BBAS deve ampliar seu capital através de emissão de ações.
      Seria tão terrível assim? Acho que não, desde que continue sendo uma ótima empresa com lucros crescentes.
      Aproveito para agradecer pelo conteúdo do seu Blog. Textos esclarecedores e educativos.
      André T.

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      1. Olá André! É interessante observar e analisar todos esses dados que você descreveu, mas ainda assim de nada adianta apresentar bons indicadores se não houver crescimento e lucros recorrentes. Sobre o blog e os textos, eu é que agradeço sua visita e os elogios. Um abraço!

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