As empresas que mais deram retorno nos últimos dez anos

Uma das ultimas edições da revista Exame (Edição 1020 de 25/07/2012) trouxe uma matéria muito interessante onde a revista apresenta uma pesquisa realizada recentemente pela consultoria Boston Consulting Group e que revela as "estrelas da bolsa", ou seja, aquelas empresas que mesmo passando pelas diversas crises econômicas que afetaram nosso país e a bolsa nos últimos anos deram um bom retorno ao investidor.

A lista apresentada pela revista traz as empresas que mais deram retorno aos acionistas entre 2003 e 2011. Estas empresas não são necessariamente aquelas que mais se valorizaram, mas sim aquelas que além da valorização se destacaram quanto ao pagamento de dividendos gerando resultados médios e constantes durante quase dez anos. Este parâmetro foi utilizado pois muitas empresas listadas na bolsa de valores tiveram crescimentos recordes durante alguns anos, mas não conseguiram manter o mesmo crescimento apresentado pelas empresas que constam deste estudo. A revista Exame cita o exemplo da Marfrig que multiplicou sua receita por 10 desde 2006 quando adquiriu 22 empresas. Ela cresceu mais que muitas empresas da lista e apesar de faturar 22 bilhões de reais em 2011 (38% a mais que o ano de 2010), fechou o ano com um prejuízo de 750 milhões de reais.

Segundo a consultoria, as empresas que mais deram retorno aos acionistas de 2003 a 2011 foram (em ordem decrescente):

1. AES Tiete (Elétrico)

2. CCR (Infraestrutura)

3. Brasil Foods (Bens de consumo)

4. Marcopolo (Bens industriais)

5. Transmissão Paulista (Elétrico)

6. Ambev (Bens de consumo)

7. Souza Cruz (Bens de consumo)

8. Tractebel (Elétrico)

9. Bradesco (Financeiro)

10. Randon (Bens industriais)

O que estas empresas fizeram para se participarem desta lista?

- São boas pagadoras de dividendos, com altas margens de lucro e crescimento moderado. Concordo com relação ao crescimento e as margens de lucro porém na minha opinião nem todas são boas pagadoras de dividendos. Ao menos que 3% de DY seja considerado pelo mercado um excelente dividendo, na minha opinião tirando algumas empresas da lista elas são médias pagadoras de dividendos.

- Elas cresceram de forma sustentável, sem loucuras e aquisições sem nexo. A revista Exame cita o caso da BR Foods, resultado da fusão entre Perdigão e Sadia em 2009 a receita desta empresa avançou sete vezes nos últimos oito anos e seu lucro foi multiplicado por doze vezes no mesmo período. Segundo a publicação estas empresas só fazem aquisições quando tem certeza que o resultado será bom e realizam as negociações sem pressa.

-Clareza na cultura empresarial: estas empresas, segundo o estudo tem entre seus maiores executivos pessoas formadas dentro da própria empresa o que garante a continuidade da cultura organizacional da empresa. Além disso evita a contratação de executivos de carreira a preço de ouro e muitas vezes sem compromisso com a cultura da empresa. Muitas destas empresas mantém o mesmo presidente há mais de 10 anos.

-Crescimento organizado no exterior: estas empresas cresceram de forma planejada no exterior, mais uma vez mantendo a calma nas negociações e estudando o mercado aonde estavam entrando. A revista cita o caso da Marcopolo que investiu pesado em Portugal no passado o que trouxe nada mais que 16 anos de prejuízos. Esta situação fez com que a empresa aprendesse com os erros e hoje traz resultados aos acionistas.

* Para pensar: interessante como uma empresa que passa por dificuldades - quando bem administrada e ciente dos erros cometidos - pode no futuro trazer bons resultados.

-Divida zero ou muito baixa: As empresas listadas ou tem divida ZERO ou tem uma divida minima. Empresas altamente endividadas são sinal de problemas futuros.

-"Elas vendem o que vendem": as empresas citadas na publicação se mantiveram fiéis a sua estratégia e aos seus produtos/área de atuação nos últimos anos. Por exemplo, a Marcopolo vende ônibus - há 66 anos - e só. A Ambev fabrica e distribui bebidas.

Existe setor imune a crise?

Frango, cerveja, cigarro e energia elétrica. Segundo a revista Exame mesmo com a crise não deixamos de comer, tomar uma cervejinha ou acender a luz. Concordo, pois estes são setores que dependem do mercado interno (aquecido) ao contrario da Vale - por exemplo - que depende do mercado externo (com sintomas de desaceleração constantes).

Não sei se estes são efetivamente setores imunes a crise, pois como escrevi acima, eles também exportam e tem seus resultados impactados pela crise internacional, mas realmente eles tem algumas vantagens competitivas em relação à outras empresas que não devem ser desprezados.

Investir ou não investir? Eis a questão...

Em um dos meus últimos post's, particularmente naquele em que apresento os resultados da carteira Rico por Acaso em julho (que você pode acessar aqui) eu escrevi que fiquei "tentado" a investir em algumas empresas como BR Foods, CCR e Souza Cruz. Sempre estou de olho também na Ambev. Mas vendo os preços praticados e pensando no investimento em dividendos acho que no meu caso ainda não é a hora. Não digo que "desta água nunca beberei" principalmente em relação as estas empresas pois elas são realmente fantásticas, mas analisando de acordo com meu perfil de investimentos elas estão sendo vendidas a preços um pouco altos e distribuem dividendos baixos (em torno de 2-3%). Resumindo: pelo menos em relação ao perfil que desejo para minha carteira de investimentos elas estão caras.

Porém, estarem sendo negociadas a preço altos ou baixos vai depender muito do ponto de vista e da estratégia adotada por cada investidor. Para quem investe com foco em formar patrimônio e não gerar renda, existe uma real possibilidade destas empresas continuarem crescendo mais e mais pelos próximos dez anos à despeito de seus dividendos baixos e P/L altos.

E você leitor, o que acha destas empresas? Tem em carteira? Conte-nos sua experiência! Todos nós aprendemos!

Um grande abraço a todos e uma excelente semana!

Fonte da pesquisa: Revista Exame - http://exame.abril.com.br/

Fonte da imagem: http://www.freedigitalphotos.net/