Qual o futuro das elétricas?

Não precisamos navegar muito pelos blogs e portais financeiros para perceber que diversos post's e matérias são escritos diariamente tentando equacionar e projetar o futuro das elétricas. Neste post vamos tentar esclarecer alguns pontos importantes deste tema.

É fato que sobre este assunto muito se tem escrito e falado e muitas vezes os interlocutores são tomados mais pelas emoções do momento do que pela razão. Também não podemos tapar o sol com a peneira: a grande maioria das empresas do setor elétrico tem um grande "abacaxi" para descascar e terão que se empenhar bastante para continuar gerando valor ao acionista. Porém, antes de mais nada, o investidor tem que separar o "joio do trigo" e entender o que acontece com cada empresa. Vejamos:

Eletropaulo

Primeiro deve ficar claro que suas recentes perdas de lucratividade não estão relacionadas com a Medida Provisória 579/2012, que trata das novas regras sobre a renovação das concessões. Para quem não sabe, sua concessão vai até 2028 e portanto ainda estamos longe desta discussão.

Ela vem perdendo valor de mercado principalmente devido aos efeitos do último ciclo de revisão tarifária, que era algo já previsto em contrato. Porém, as maiores causas da grande perda de lucratividade apresentada nos resultados do 3º trimestre de 2012 referem-se ao aumento de despesas relacionadas principalmente ao reajuste tarifário da parcela B, compra de energia (Parcela A), despesas com PMSO (pessoal, material, serviços e outros) e eventos não-recorrentes (que aconteceram em 2011 e não se repetiram em 2012).

No relatório do 3T2012 podemos observar que a Eletropaulo vem implementando medidas visando a diminuição de despesas de forma a se adequar a nova realidade do mercado e voltar a criar valor para o acionista. Se eles terão sucesso - não posso afirmar - mas é fato que a empresa está situada na maior região industrial do país e tem um público residencial e comercial relevante com tendência de crescimento no consumo.

Cemig, Eletrobras, Transmissão Paulista e outras empresas afetadas pela MP 579/2012

A exemplo da Eletropaulo, estas empresas terão que se adaptar à uma nova realidade, porém relacionada aos efeitos da MP 579/2012.

Temos primeiro que entender que esta medida provisória foi sancionada pela presidente Dilma, mas por lei tem que ser "confirmada" pelo Congresso e um prazo determinado também por lei. O que vemos hoje é um grande movimento destas empresas no sentido de pressionar os congressistas para que haja uma revisão das regras desta medida provisória.

A despeito da grande pressão realizada pelo governo para que estas empresas aceitem (engulam) as novas regras e façam a renovação das concessões o quanto antes observamos que estas empresas tem tomado o caminho do embate e tem "batido de frente" com o governo.

Se as regras da medida provisória se confirmarem estas empresas registrarão perdas de receita, mas como já foi escrito acima, elas terão que se adaptar.

Coelce, Taesa, AES Tiete, entre outras...

Algumas empresas tem refletido muito pouco as perdas registradas pelo setor. A Coelce já passou pelo 3º ciclo de revisão tarifária e continua crescendo e gerando lucros. A Taesa e a AES Tiete também vão bem, inclusive figurando nas carteiras recomendadas de muitas corretoras.

Já escrevi algumas vezes e volto a repetir: no mercado de ações ninguém pode prever o futuro. Nem blogueiros, nem especialistas de mercado. Particularmente acredito que estas empresas continuarão tendo receitas constantes. Como bem disse o Bastter em um vídeo no seu portal: não há chances de voltarmos a usar velas e deixar a energia elétrica de lado. Que essas empresas terão um longo trabalho de adaptação à novas realidades não há dúvida. Talvez não tenhamos resultados tão impactantes e dividendos tão gordos nos próximos anos e isso talvez volte a ocorrer somente em 2014 ou 2015, mas não podemos afirmar nada.

O que acredito é que devemos por os pés no chão e usar a razão. Não estou recomendado que o leitor do blog venda ou compre ações, mas chegamos a um momento em que decisões devem ser tomadas. Se você como investidor acredita no setor, as recentes quedas são uma oportunidade ímpar de compra. Agora, se está cansado de todas estas mudanças e não aguenta toda esta perda de rentabilidade, mude seu foco para outro setor.

E você leitor já tomou sua decisão?

Um grande abraço à todos!

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