Passo-a-passo: como investir na bolsa de valores

Uma das grandes vantagens de se escrever um blog é o contato (mesmo que anônimo) com os leitores e deste contato surgem ótimas discussões e principalmente sugestões de matérias para o blog.

O post de hoje irá falar sobre o "básico do básico" (que não deixa sobremaneira de ser importante) que é como começar a investir em ações. Passo a passo vamos entender este processo.

Para se investir em ações, algumas etapas devem ser percorridas, a saber:

1. Abrir uma conta em uma corretora: uma corretora funciona tal qual um banco, pois fica com a custódia de suas ações e de seu dinheiro não investido. Assim, ao abrir uma conta em uma corretora lhe será solicitado alguns tipos de documentos, como RG, CPF, comprovante de residência etc.

A abertura desta conta deverá ser precedida de uma profunda análise da sua estratégia de investimento, pois algumas corretoras são mais benéficas para Day-Trades (ou seja, aqueles investidores que compram e vendem ações quase que diariamente) e outras possuem taxas mais adequadas para os investidores de longo prazo. Existem corretoras que até isentam o investidor da taxa de manutenção mensal da conta, o que no longo prazo melhoram consideravelmente a rentabilidade da carteira.

2. Transferência de recursos: aberta a conta na corretora de sua preferência você deve transferir o dinheiro que será investido para sua conta na corretora. Geralmente esta transferência é feita através de uma operação de DOC/TED de seu banco de preferência para a conta da corretora. Esta operação – via de regra – deve ser feita sempre de uma conta onde você é o titular, porém já existem hoje corretoras que permitem a transferência de recursos através do cartão de crédito. Não importando o modo em que o recurso foi transferido, geralmente a corretora deve ser avisada desta transferência, normalmente em formulário próprio presente no site da corretora. Efetuado o depósito e informada a transferência, os valores estarão disponíveis para a compra de ações no próximo dia útil.

3. Comprando ações: realizados os procedimentos anteriores, você já estará apto a comprar ações. Para a compra, você utilizará uma ferramenta chamada HomeBroker, hoje muito comum e disponibilizada pelas corretoras. Digo que hoje é comum, pois antes da popularização da bolsa de valores, o investidor tinha que ligar para a corretora e pedir para a mesa de operações efetuar as compras e/ou vendas de ações, um processo relativamente mais vagaroso. Hoje, tudo é mais rápido, praticamente instantâneo.

Acessando o HomeBroker, você deve escolher a ação a ser comprada/vendida por seu código. Cada empresa tem um código respectivo. Por exemplo, a Vale é VALE5, a Petrobras é PETR4 etc. Escolhida a ação (após estudar bastante os resultados da mesma!) você deve observar se seu dinheiro é suficiente para comprar um lote ou uma fração da ação.

Um lote corresponde a 100 ações. Se você quiser comprar um lote de uma ação que vale R$ 9,00 cada, você deve ter disponível para compra mais que R$ 900,00 na sua conta, pois além do valor da ação vai ser cobrada a taxa de operação. Vamos dizer que sua corretora cobre R$ 10,00 por lote comprado ou vendido, então você deverá ter R$ 910,00 na sua conta da corretora, sendo R$ 900,00 para efetivar a compra e R$ 10,00 para as taxas acessórias. Desta maneira, se você desejar comprar um lote de Vale, deverá colocar o código VALE5 em seu HomeBroker.

Agora se você não tiver todo o dinheiro disponível para a compra de um lote, você irá comprar uma fração do lote. Voltando ao exemplo anterior, se você dispõe de R$ 450,00 na conta da corretora, poderá comprar apenas 50 ações no valor de R$ 9,00 cada. Normalmente as taxas cobradas para a compra/venda de frações são menores que para a compra de lotes. Assim, supondo que sua corretora cobre R$ 5,00 por fração você deverá ter na conta da corretora R$ 455,00 para efetivar a compra. Outra coisa que deve ficar claro é que quando se compra uma fração, o código da empresa muda. Por exemplo, ao comprar uma fração de VALE5 se adiciona a letra F (de fração) ao final do código, ficando VALE5F no HomeBroker.

O que acontece se você não tiver o valor necessário em conta para pagar a taxa de custódia para a corretora? A compra pode não ser efetivada, bem como você pode ficar com o saldo negativo e a corretora pode vender alguma ação sua para cobrir alguma divida, mas essas condições geralmente estão implícitas no contrato, que como todos documento deve ser lido e relido e nunca assinado sem o total conhecimento das condições propostas. Uma vez assinado, não adianta alegar ignorância dos termos.

4. A ordem de compra e/ou venda: um conceito muito importante em investimentos (não só de ações) chama-se liquidez. Um terreno comprado em um bairro barulhento, ao lado de um aeroporto ou perto de um presídio pode ser fácil de adquirir, mas muito difícil de ser vendido. Isso acontece com as ações também. Para uma ação ser vendida ou comprada, deve haver alguém que queira comprá-la ou vende-la também. Se você deseja comprar 50 ações da VALE5, deve haver alguém disposto a vender 50 ações da mesma empresa e no preço que você deseja comprar. Então, ao enviar uma ordem de compra/venda pode ocorrer de esta ficar o dia inteiro pendente e não ser compensada por não haver meio de comprá-las ou vende-las nas condições propostas. Nas ações de grande liquidez (que tem muita gente querendo vender ou comprar diariamente) geralmente as ordens são aceitas na hora, sendo que outras dependerão do humor do mercado durante o dia. Se a ordem ficar pendente muito tempo, você pode cancelar a ordem no próprio HomeBroker e enviá-la novamente com outro preço e/ou quantidade. Uma vez efetivada a ordem, está não pode ser desfeita. Você pode enviar quantas ordens quiser no dia, mas lembre-se que cada ordem gera uma taxa corretagem.

5. A “posse” das ações: efetivada a compra das ações, a quantidade comprada integrará sua carteira de investimentos e lá ficará indeterminadamente até que você as venda ou ocorra por exemplo a falência da empresa.

Uma questão muito comum dos investidores é sobre o que acontece se a corretora falir. As ações em si, apesar de aparecerem em sua carteira ficam na custódia da CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia) que é um órgão regulatório do mercado de ações. Assim se sua corretora falir, você não perderá suas ações, bastando transferi-las para outra corretora. Agora se você comprou algumas ações e ficou um saldo na conta da corretora, esse valor pode ser perdido em caso de falência da corretora. Nesse caso só entrando na justiça mesmo.

7. Vendendo uma ação: para se vender uma ação, basta efetuar basicamente o mesmo processo de compra. A saber: entrar no HomeBroker, e clicar em vender. Colocar o código da empresa lembrando-se sempre da diferenciação em fração e lote e ordenar a venda. A venda poderá ser imediata ou não, dependendo da liquidez do ativo. O valor da venda geralmente ficará disponível para resgate em até 3 dias uteis apos a venda.

8. Qual o valor correto para iniciar os investimentos em ações: na verdade não existe um valor correto. Fato é que aportes muito pequenos acabam sendo “corroídos” pelas taxas de corretagem e manutenção das corretoras. Vou falar um pouco sobre minha experiência pessoal. Quando comecei a investir, meu primeiro aporte foi de R$ 300,00, não foi grande coisa mas foi importantíssimo para eu sentir o mercado e ver como funcionava a compra de ações. O ideal, e eu gosto de repetir criar a coragem de investir e perder o medo do mercado e isso pode ser feito com um primeiro aporte, mesmo que pequeno. Aos poucos você pode aumentar os valores, sendo verificando as taxas e como elas influem em seu investimento.

Portanto, este é o processo básico de compra e venda de ações. Claro que por ser genérico, podem ocorrer algumas variações de corretora para corretora, mas via de regra é este o processo.

Um grande abraço a todos e uma excelente semana!

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